Padroeiro: S. Miguel.
Habitantes: 2.962 habitantes ( I.N.E. 2011) e 2.740 eleitores em 05-06-2011.
Sectores laborais: Agricultura, passa manarias, papel, pequeno comércio, oficinas de carpintaria e auto, padarias, carros de aluguer, oficinas de tubagem, latoaria e estores.
Tradições festivas: S. Miguel, S. José, Nossa Senhora das Dores, (último domingo de Julho) e Senhor dos Passos (15 dias antes da Páscoa).
Valores Patrimoniais e aspectos turísticos: Igreja paroquial, Ponte do Arco, Capela de N. Senhora das Dores, Capela de N. Senhora do Olival, Capela de 5. Francisco, Capela de N. Senhora da Conceição, escolas primárias do Calvário e S. Gil, castros, moinhos, Alto do Calvário e margens do Rio Moçambique.
Gastronomia: Rojões à moda de Perre, arroz doce, cozido à portuguesa, sarrabulho à moda de Perre e enchidos diversos.
Artesanato: Bordados e tecelagem em Linho e artigos em ferro.
Colectividades: Associação Desportiva e Cultural de Perre, Grupo de Danças e Cantares de Perre, Sociedade Columbófila de Perre, Grupo Ciclo turístico e Confrarias.
A freguesia de Perre alonga-se por cerca de 130 ha, numa faixa comprida pelo interior da metade setentrional do concelho de Viana do Castelo. Está situada na margem direita do rio Lima, a cerca de 5Km da Cidade de Viana, confronta com Outeiro a Norte, a Nascente com Nogueira e Portuzelo, e a Sul com Portuzelo e Meadela e a Poente com Meadela e Areosa, todas estas freguesias, também, pertencentes ao concelho de Viana do Castelo. No centro da área da freguesia, há um suave relevo que acentua a forma de vale em seu redor e que são as terras baixas e férteis das encostas das serras de Perre, Santa Luzia, Amonde e Agra. Muitos destes cumes foram povoados por povos castrejos e de certa forma isso traduz um razoável índice de povoamento demográfico.
Perre, tem hoje para cima de 3.500 habitantes. Em 1991, pouco passariam de 3.000. Compreende os lugares da Costa, S. Gil, Vieito, Portela, Madorra, Rocha, Monção, Freixo, Vila-Meã, Felgueira, Portelas, Pisco, Pene e Nina.
No livro “Inventário Colectivo dos Registros Paroquiais”, encontramos a seguinte descrição referente a esta freguesia:
«Em 1258, na lista das igrejas situadas no território ao norte do rio Lima, elaborada por ocasião das Inquirições de D. Afonso III Perre aparece como uma das igrejas subordinadas ao bispado de Tui. No catálogo das mesmas igrejas de 1320, mandado elaborar, para pagamento de taxa, São Miguel de Perre foi taxada em 50 libras. Pertencia, ao tempo, à Terra de Vinha. Em 1444, D. João I conseguiu do papa que aquele território de entre Lima e Minho fosse desmembrado do bispado de Tui passando a pertencer ao de Ceuta, onde se manteve até 1312.
Nesse ano, no tempo do arcebispo de Braga D. Diogo de Sousa, S. Miguel de Perre foi anexada a esta diocese de Braga, por troca com o bispo de Ceuta pela comarca eclesiástica de Olivença. Esta permuta foi aprovada, em 1513, pelo papa Leão X. Em 1546, no registo da avaliação dos benefícios eclesiásticos incorporados na diocese de Braga, São Miguel de Perre foi avaliada em 50 mil réis. Na cópia de 1580 do Censual de D. Frei Baltasar Limpo, sobre a situação canónica daqueles benefícios eclesiásticos, diz-se que São Miguel de Perre era da apresentação do mosteiro de São Salvador da Torre pela terça parte, sendo pelas restantes duas terças da apresentação dos descendentes de João Velho e de sua mulher Leonor Gomes. Segundo Américo Costa, São Miguel de Perre foi, mais tarde, abadia da apresentação da Mitra.»
Foi abadia de apresentação da Mitra e Régia. Perre tem um significado de grande relevo na história do traje à lavradeira”. Os seus fatos eram tecidos e confeccionados pelas raparigas. Ainda hoje vivem senhoras, de avançada idade que se dedicam a esta actividade. Também na área do artesanato assumem importância de relevo os bordados e a tecelagem no linho. Em Perre, efectivamente a cultura da planta do linho faz com que se mantenham estas tradições seculares dos bordados e tecelagens.
No património edificado, para além da importante Igreja Paroquial e das Capelas de: N. Senhora das Dores, N. Senhora do Olival, S. Francisco, N. Senhora da Conceição, têm-se duas belas pontes românicas, castros e moinhos.
Na área da económica actual, para além de uma importante actividade agro-pecuária de valor inquestionável para a subsistência de inúmeras famílias, existe um desenvolvido sector industrial representado em pequenas mas numerosas unidades dos mais diversos sectores de produção. Apesar disso, são ainda muitas as famílias que vivem da agricultura e cerca de 30% dos activos residentes, ainda trabalham na terra.
De todas as formas, e porque nos últimos anos não tem havido grandes investimentos e a população é muita, ainda existem alguns problemas na área do emprego, os quais afectam principalmente os jovens à saída da sua formação escolar. A população da freguesia é relativamente jovem e está razoavelmente escolarizada. Nesta área existe uma escola de ensino pré-escolar privado, duas escolas de ensino público do 1.º ciclo básico, sendo uma delas equipada com refeitório. A partir desse grau de ensino, a população escolar frequenta os estabelecimentos de Portuzelo (2 km) e Viana do Castelo.
No que respeita às acessibilidades, a freguesia é servida pelas E.N. 302 e 302.1, com carreiras de transportes públicos regulares e diários. A proximidade em relação à sede do concelho faz com que as frequentes deslocações para utilização dos mais diversos serviços públicos e privados não sejam grave problema. O comércio local, principalmente no ramo alimentar a retalho e no ramo não alimentar de produtos e bens de consumo corrente, é suficiente para o abastecimento da população.
A rede pública de distribuição domiciliária de água, que presentemente ainda só chega a 65% das casas da freguesia, manifesta algumas deficiências que se tornam mais acentuadas no Verão, é tida como uma das obras a terminar com alguma urgência. O mesmo se diga da rede pública de saneamento que está por iniciar, obrigando ao uso de fossas sépticas, com os inerentes perigos de contaminação das águas das nascentes dos poços e das fontes. Por sua vez, o sistema de recolha de lixo, cobre 90% da freguesia, é selectivo e funciona 5 dias por semana.
Na área da saúde, a população tem à disposição um centro e um posto médico com serviços de enfermagem. Na freguesia funciona ainda um jardim de infância. É sentida a necessidade de um centro de apoio à Terceira Idade.
Quanto a equipamentos da área desportiva, cultural e de lazer, funciona um campo de jogos que é utilizado regularmente pela Associação Desportiva e Cultural de Perre e uma sala polivalente com capacidade para espectáculos, cinema e teatro. Existe também uma escola de música e o Grupo de Danças e Cantares de Perre.
A freguesia não tem qualquer equipamento que possa ser utilizado temporariamente por quem a queira visitar e aqui queira passar alguns dias. No entanto, existem boas potencialidades turísticas, quer ao nível das paisagens, por exemplo, das que se observam do alto do Monte do Calvário, as belezas junto ao rio Moçambique, o artesanato, a gastronomia, com realce para os Rojões à Moda de Perre.
Fontes consultadas: Dicionário Enciclopédico das Freguesias, Freguesias- Autarcas do Séc. XXI, Inventário Colectivo dos registros Paroquiais Vol. 2 Norte Arquivos Nacionais /Torre do Tombo.